O parergon: da periferia ao centro

Autores

  • Albeiro Arias Universidade do Tolima

DOI:

https://doi.org/10.59514/2954-7261.2878

Palavras-chave:

parergon, parerga, Derrida, Stoichita, Shapolsky.

Resumo

O presente texto busca explicar o conceito de parergon e sua evolução dentro das artes visuais. Para isso, nos remetemos à Crítica do Juízo de Immanuel Kant (1790), onde o filósofo alemão se refere aos ornamentos (parerga) como aquilo a que não pertence intrinsecamente a obra de arte, aquela que não integra a representação, mas é um acessório externo, que colabora para aumentar o prazer do gosto apenas pela forma. Em seguida, os postulados de Derrida são abordados em Truth in Painting (1978), onde ele começa a desconstruir a proposta estética kantiana, questionando conceitos como o fora e o dentro na obra de arte, utilizando justamente o conceito de parergon, que Kant havia marginalizado. Mais tarde vemos Víctor I. Stoichita com o seu livro A invenção da pintura (1993), onde procura estabelecer uma genealogia do parergon, tendo como ponto de partida o século XVI na Holanda, onde surgem as naturezas-mortas. Stoichita estuda o fenômeno meta-pictórico que chama de “pinturas divididas”, onde o espaço da pintura se abre para além da moldura, através do recurso trompe l'oeil e da relação entre o sagrado (ergon) e o profano (parergon), e como as naturezas-mortas se emancipam de seu lugar de parergon e se tornam ergon. Por fim, vemos como os pós-estruturalistas e pós-modernistas deslocam o autor e a obra do centro de suas reflexões teóricas, e colocam em seu lugar os marcos institucionais, promovendo na arte a quebra de todos os limites, molduras e marcos, tanto físicos quanto conceituais. Como exemplo, volto ao trabalho de Shapolsky et al. Manhattan Real Estate Holdings, um sistema social em tempo real de 1º de maio de 1971, de Hans Haacke, no qual o artista vincula a obra ao seu entorno trazendo o exterior do museu para dentro da obra.

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Publicado

2022-09-06

Como Citar

Arias, A. (2022). O parergon: da periferia ao centro. Revista Calarma, 1(1), 113–132. https://doi.org/10.59514/2954-7261.2878